Não perdi até hoje, e não pretendo perder até o fim, os capítulos da minissérie Maysa - quando fala o coração". As músicas que ela canta fazem parte das minhas lembrança de puberdade, digamos assim, estavam nas rádios e nos long-plays de nossos pais. Sua presença em revistas como O Cruzeiro, Manchete também fazem parte de minhas lembranças. Não lia a imprensa sensacionalista na época, só precocemente A Tribuna de Santos e o Estado de São Paulo, que não eram nem um pouco sensacionalistas (ah! e a Gazeta Esportiva, onde além das glórias do Santos de Pelé - que eu assistia na Vila Belmiro - acompanhava as lutas de vale tudo, com Fantomas e Cia.). Portanto, não acompanhava senão muito remotamente as peripécias pessoais da cantora. A minissérie mostra que era ela do balacobaco, temperamental como o diabo, infeliz no amor e firme nos seus objetivos de cantora, cujo alcance foi prejudicado pelas peripécias de sua vida pessoal. E cantava muito, muito mesmo.
A minissérie é linda. O cenário de minha geração e das próximas está todo lá, centrado mais no Rio e em São Paulo, o que inevitavelmente provoca nostalgia. Desfilam os maravilhosos carros da época e o aviões da Real Aerovias!!!! Só faltaram as asas da Panair! Tudo feito com muito esmêro e capricho. A atuação de Larissa Maciel ( clique aqui: http://ego.globo.com/Gente/Noticias/0,,MUL716011-9798,00-A+GAUCHA+LARISSA+MACIEL+DEIXA+TUDO+PARA+TRAS+PARA+INTERPRETAR+MAYSA.html)
como Maysa, além da semelhança física, é perfeita. Só falta um pouco de ênfase nos momentos em que ela dubla a cantora, o que é perfeitamente compreensível diante da dificuldade da tarefa, que exige, antes de mais nada, uma sincronização perfeita - o que ela consegue ter.
Hoje, a Folha de S. Paulo publica a matéria "Minissérie global simplifica e distorce biografia de Maysa", de Lira Neto, autor da biografia "Maysa, só uma multidão de amores". Na crítica, ele ele diz "que todas as suas perplexidades (de Maysa) , seus tormentos e suas angústias foram reduzidos a meros caprichos e desvarios de uma moça mimada. A complexidade de sua personalidade intensa e autodestrutiva, os abismos existenciais de sua alma, tudo isso foi transfigurado em queixumes e rompantes de uma rebelde sem causa, traumatizada pela separação do marido". Lira Neto ainda diz que a minisséria sonega ao público que a traída namorada de Ronaldo Bôscoli, ao tempo em que ele teve um caso com Maysa, era Nara Leão. Cita o que ele diz serem outras omissões. E acrescenta: " .É compreensível que na transposição de qualquer história para as telas seja permitido -e necessário- o recurso a algumas licenças poéticas, como o acréscimo de diálogos imaginários e situações fictícias. É preciso, claro, amarrar o roteiro e conferir fluência à narrativa. O problema é quando esse tipo de artifício legítimo, no caso de personagens reais, sobrepõe-se à história verdadeira, oferecendo ao telespectador uma visão distorcida dos acontecimentos, uma contrafação da biografia dos protagonistas.O esmero da produção, a exuberância dos cenários, a perfeição dos figurinos, a assombrosa semelhança da atriz Larissa Maciel com a diva estão arrebatando o público e arrancando suspiros até mesmo de parcela da crítica especializada.Resultado: Maysa está de novo na pauta do dia. Isso é ótimo para sua memória e faz justiça a seu talento. Mas, se os telespectadores estão encantados com a Maysa da televisão, o que diriam se conhecessem a verdadeira Maysa, em carne, osso e amargura. Humana, demasiadamente humana" (assinantes da Folha e do Uol, cliquem aqui: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1401200914.htm). Esse epílogo da crítica é um convite â compra do livro, não é mesmo?
Pelo menos ele reconhece a qualidade televisiva da minissérie, pois transcrever uma vida complexa em oito capítulos é um enorme desafio - dizem que a primeira versão teria 16 capítulos, mas a Globo a reduziu com medo de pouca audiência e esta, na verdade, estourou, batendo, pelo menos antes do Big Brother, em 30 magníficos pontos. E se o filho de Maysa, Jayme Monjardim, diretor da minissérie, a colocou no ar do jeito que está é de se julgar que a essência da vida de sua mãe está ali retratada, certo?
Eu não vou comprar o livro e assistirei a minissérie até o fim, como já disse. Uma obra dessas bota milhões de léguas de distância das cada vez mais inverossímeis e apelativas novelas das oito, aliás, das nove da Globo, que têm que concorrer com as apelações das concorrentes. Ainda bem que na TV por assinatura há filmes, John Adams, Mad Man, etc,etc...
Serrano,
ResponderExcluirLeia a biografia que Lyra Neto fez de Maysa.
Um trabalho belíssimo e que retrata a verdadeira Maysa.
Temos que resgatar as histórias de vida de pessoas públicas que fizeram parte de nossas vidas na juventude. Afinal somos da geração que fez a diferença.
Mais, quando Jayme Monjardim veio da Espanha ele fez o curso de cinema na minha escola, o GRIFE.
Abs,
Malu de Alencar
Serrano,
ResponderExcluirIndique o livro de Lyra Neto, que fez uma biografia belíssima de Maysa. Te passo o contato dele, pois além de Maysa, fez a história de José de Alencar "O Inimigo do Rei".
Quando Jayme Monjardim voltou da Espanha ele foi estudar cinema na minha escola, o GRIFE, isso em 73 ou 74 (????) acho que indiretamente, Abrão Berman e eu fomos responsáveis pela profissão que abraçou.
Vale a pena uma entrevista com Lyra Neto, posso te conectar com ele.
abração,
Malu
Serrano, bom amigo!
ResponderExcluirHoje, pela primeira vez, tive a oportunidade de ler seu blog. Delicioso. Já está nos meus favoritos!
Guilherme Gaspar
Olá, Serrano,
ResponderExcluirgostei muito do seu blog e do comentário sobre a série. Apenas discordo da avaliação da interpretação da atriz Larissa Maciel. Hoje mesmo assisti um vídeo da TV Cultura com a Maysa cantando Ne me quite pas e a interpretação que tenho visto na TV me incomodou mais... A impressão que tenho é que todas as vezes em que ela tenta dar à personagem a intensidade de Maysa, faz cara de raiva... A Maysa dela está mais para a loucura que para a intensidade e dor.
Além disso, o sotaque da atriz com esse jeito de falar as frases meio cantadas é absolutamente não-paulista e não-carioca...
abs/ ligia trigo
Suas impressões e análises sobre o cotidiano serão sempre bem-vindas. Não preciso repetir que sou fã dos seus textos e certamente eles enriquecerão esta nova ferramenta da comunicação: a blogosfera.
ResponderExcluirParabéns!
Luna
Serrano,
ResponderExcluircomo você sabe, recebi o nome de Maysa porque meu pai era um fã incondicional da cantora. Muitas vezes fiquei chateada quando alguém me comparava a ela, dizendo que sou parecida com ela porque também tenho os olhos verdes. Depois desta linda obra dirigida por Jayme Monjardim, estrelada por esta atriz maravilhosa e com tantos encantos, estou ficando cada vez mais orgulhosa de ter recebido o mesmo nome dela, pois estou vendo-a muito HUMANA, com defeitos sim, mas muito corajosa e destemida. Não é para qualquer pessoa cantar no Olimpia de Paris (não sei se é assim que se escreve) em francês e ser aplaudida por uma platéia em pé!
Valeu!!!!