domingo, 29 de março de 2009

JORNALISMO: ARTILHEIROS X GOLEIROS


Em matéria assinada por dois competentes repórteres, Fausto Macedo, com bom trânsito nas áreas da Justiça e das Polícias, e David Friedlander, grande conhecedor do mundo empresarial, o jornal O Estado de S.Paulo, da sexta feira, 27 de março, divulga que o advogado Márcio Thomaz Bastos, ex-Ministro da Justiça do governo Lula, que tinha a Policia Federal sob seu comando, entrou no caso Camargo Corrêa a pedido do "Palácio do Planalto" (veja a matéria aqui).

A Camargo Corrêa está sendo investigada pela PF por alegadas remessas ilegais de dinheiro para o exterior e contribuições também ilegais para partidos políticos.

O veterano jornalista Luís Weiss, com passagens por importantes publicações brasileiras, critica, em texto no Observatório da Imprensa, a publicação da matéria, dizendo que faltam nela elementos que lhe dêem credibilidade (leia o texto de Weiss aqui). A informação é off the records, ou seja, sem citação da fonte.

Weiss diz que a matéria não dá pistas sobre a hierarquia da autoridade que passou a informação ao Estadão, atribuindo-a a um vago "Palácio do Planalto" o que desaconselharia a sua publicação, pois seu conteúdo é grave, mesmo que ela seja verdadeira e os repórteres estejam convictos disso. Diz que faltam "goleiros" nas redações para segurar matérias como essa.

O leitor tirará suas conclusões depois de ler os dois textos.

Eu acho que se os repórteres e o jornal tem convicção sobre a veracidade da informação agiram corretamente ao publicá-la.

As informações "quentes" quase empre são passadas a um jornalista sob tantas recomendações de sigilo sobre a fonte que ele é obrigado a ser vago ao noticiá-las. Mas deve fazê-lo, se forem verdadeiras.

É do risco da profissão.

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