sábado, 4 de abril de 2009

TV TERRA: JOSÉ GENOINO E O DURO APRENDIZADO DA POLÍTICA

Genoino discutindo com as suas bases


Na sexta-feira passada, o deputado federal José Genoíno deu uma entrevista na TV Terra, em que relatou o que aprendeu no turbilhão do Mensalão (assista aqui).

Conheci José Genoino em 1970.

Eu ainda estudava na Escola Politécnica da USP (só depois cursei a Escola de Comunicação e Artes e me profissionalizei como jornalista) e era diretor do Grêmio Politécnico, cuidando do jornal Policampus, além de participar do Grupo Teatral Politécnico, que tinha dirigido no ano anterior.

José Genoino, estudante da Universidade Federal do Ceará, pelo PCdoB, e Honestino Guimarães, da Universidade de Brasília, pela AP, baixaram em São Paulo para ocupar o espaço vazio deixado na UNE desde a queda do Congresso de Ibiúna, em 1968.

Honestino frequentava a república onde eu morava, o Hospício, como era conhecida e várias noites, já procurado pela Polícia, dormia lá. Me chamava de "poeta", no que estava redondamente enganado, pois sofro de excesso de objetividade (estou melhorando...).

Desde que conheci o Genoíno, tenho convicção sobre a sua honestidade de propósitos. Posso discordar dele politicamente, mas vejo nele as qualidades de um político idealista que almeja que o Brasil se transforme socialmente, tornando-se um país mais justo.

A vida político-partidária não se faz apenas em cima de ideais, mas da realidade do dia a dia, das alianças e das possibilidades. Em política não se anda em linha reta, mas é importante sempre ter a noção do norte que se procura. Isso acredito que Genoíno tem.

A crise do Mensalão o capturou na Presidência do PT, missão que recebeu do partido. Acredito que não estava pessoalmente envolvido nas transações financeiras de captação de recursos, mas como presidente da agremiação tinha responsabilidade institucional sobre isso. O presidente responde institucionalmente por tudo o que ocorre no partido. Não há escapatória, mesmo que sua missão só fosse "política", como alegou na época.

Não creio que tivesse algo a ver diretamente com o dinheiro encontrado com o seu irmão, na história da cueca. Não faz seu estilo.

Seu envolvimento na história do Mensalão me deixou triste, pois quem o conhece sabe que nunca se beneficou pecuniariamente de seus cargos políticos, sempre teve uma vida modesta. E era um dos melhores e mais lúcidos deputados federais do PT. Votei nele algumas vezes, mesmo optando por nomes de outros partidos para cargos executivos.

Na entrevista, é nítido que a lealdade partidária o impediu de se aprofundar em alguns temas, mas do ponto de vista pessoal o discurso é bem intencionado.

A democracia é um aprendizado e todos estamos aprendendo a viver nela. Não é fácil.

Neste caldeirão de desvios éticos, oportunismos, ambições pessoais, enriquecimentos ilícitos que marcam o nosso momento político, é importante reconhecermos os que podem contribuir para o bem do país, mesmo que tenham cometido erros.
Desde que não voltem a repeti-los.

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