
Dei uma pausa na longa travessia do livro "O Pós Guerra", um cartapácio de mais de 800 páginas em que o sociólogo inglês Tony Judt disseca tudo que aconteceu na Europa entre 1945 e 2005 - e não é pouco - para deleitar-me com o "Elogio da Madrasta", de MárioVargas Llosa.
O sumo da história, na´quarta capa do livro, relata:
"Lucrécia e dom Rigoberto vivem em contínua felicidade. Ela, uma mulher que acaba de completar 40 anos, nada perdeu de sua elegância e sensualidade; ele, no segundo casamento, descobriu finalmente os prazeres da vida conjugal. Juntos, crêem que nada pode afetar esse idílio, cheio de fantasias e sexo.
Alfonso, ou Fonchito, filho de dom Rigoberto, parecia ser o único empecilho; amava demais sua mãe, Eloísa, para aceitar a chegada de uma madrasta. Mas até ele foi conquistado pelos encantos de dona Lucrécia.
O amor do menino por sua madrasta, entretanto, vai muito além do que se esperaria de uma criança, criando uma linha tênue entre a paixão e a inocência que mudará o destino de cada um deles".
O resumo é competente, mas passa muito longe da arte e da criatividade de Llosa, que nos conduz com a habitual maestria pelos sentimentos, hábitos, intimidades, inclusive fisiológicas, de seus personagens. A construção do texto, com incursões-espelho por pinturas eróticas e inspiradoras dos personagens, é um achado típico do talento do autor.
O final do livro é surpreendente, me desconcertou. Leiam.
Só não entendi porque um texto escrito em 1988 foi publicado no Brasil 20 anos depois.
Para mim, a grande obra de Llosa continua sendo "Conversa na Catedral" (que deveria ser "no Catedral", pois trata-se de um bar), uma radiografia de alto a baixo da sociedade peruana.
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