sábado, 20 de junho de 2009

IRÃ: OS MODERNISTAS COMBATEM O FANATISMO, NÃO O ISLAMISMO

Protestos no Irã

Mais um pouco das luzes de Bernard Lewis, autor de "O que deu errado no Oriente Médio, sobre o conflito que conflagra o Irã atualmente.

Diz ele:

"Para aqueles atualmente conhecidos como fundamentalistas, os fracassos e deficiências dos países islâmicos modernos se devem ao fato de que adotaram noções e práticas estrangeiras. Abandonaram o islã autêntico e por isso perderam a sua grandeza passada."

Fundamentalistas são o presidente reeleito Ahmadinejad e o chefe supremo do Irã, aiatolá Khamenei

Prossegue Lewis:

"Aqueles conhecidos como modernistas ou reformadores adotam o ponto de vista oposto, e vêem essa causa não no abandono, mas na conservação dos velhos métodos, e especialmente na inflexibilidade e ubiquidade do clero islâmico. Seus membros, dizem eles, são responsáveis pela persistência de crenças e práticas que podem ter sido criativas e progressistas mil anos atrás, mas hoje não são nem uma coisa nem outra. Sua tática usual não é condenar a religião como tal, menos ainda o islã em particular, mas dirigir suas críticas contra o fanatismo. É ao fanatismo, mais particularmente a autoridades religiosas fanáticas, que atribuem a sufocação do outrora magnífico movimento científico islâmico e, de maneira mais geral, da liberdade de pensamento e expressão."

Segundo Lewis, para os modernistas o Irã é sufocado pelos religiosos fundamentalistas que dominam as estruturas politicas de poder. Só a separação entre a Igreja e o Estado, à maneira ocidental, conseguiria levar à superação dos entraves que bloqueiam o livre desenvolvimento da sociedade iraniana.

Mousavi deve ter recebido ampla votação desses modernistas, apesar dele ser só um dissidente do atual esquema de poder.

A força e a permanência das manifestações que estão ocorrendo no Irã podem não impedir o segundo mandato de Ahmadinejad, mas certamente abalaram a solidez do regime dos aiatolás e com o tempo o status quo pode ser modificado.

Não será fácil...


David Brooks, articulista do New York Times, cita hoje, em artigo publicado no Estadão. frase de um especialista em estudos sobre democracia do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Michael McFaul:


"Observadas retrospectivamente, todas as revoluções parecem inevitáveis. Antecipadamente, todas as revoluções parecem impossíveis".


Será o caso do Irã, hoje?

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