sexta-feira, 21 de agosto de 2009

LULA X MERCADANTE: FIDELIDADE OU BARGANHA? E O CUSTO ELEITORAL?

Nada como a proximidade de uma eleição para o político se preocupar com o eleitor.

Na verdade, esse é o único momento em que isso acontece. Depois que começa a exercer o mandato, o político esquece do eleitor, em quem votou nele, em quem o colocou lá para representá-lo, a menos, é claro, que esse eleitor também seja financiador de suas campanhas - aí a coisa muda de figura.

A história armou uma armadilha para o Senador Aloizio Mercadante. Estar na liderança do PT no Senado em plena crise com Sarney e o PMDB, a um ano das eleições de 2010 na qual deverá renovar o seu mandato.

Mercadante tentou administrar a crise, pelo lado do PT, em harmonia com os antigos princípios seminais do partido, que defendiam a ética, o fim do patrimonialismo, a modificação das estruturas políticas atrasadas do país, a renovação da economia.

Afinal, seu eleitorado não só é petista, como também é de São Paulo. Além disso, seus votos vêm de outras áreas que não petistas. É um eleitorado altamente crítico, não gosta de cambalachos aéticos, está cansado da mesmice da política, presta atenção no que os seus candidatos fazem em Brasília e a imprensa do Estado é feroz, vigilante, não perdoa.

Não deu certo.

Mercadante esbravejou e protestou quando o PT, por ordem de Lula e de sua direção, se juntou à geléia geral que isentou todos os senadores envolvidos no atual imbroglio de qualquer julgamento na Comissão de Ética.

Atropelado, anunciu a data e hora da renúncia de seu cargo de líder do PT do Senado, em caráter IRREVOGÁVEL.

Não durou 24 horas, Lula, chamou-o às falas, escreveu uma carta pedindo-lhe que ficasse no cargo para lhe dar um álibi público. Tudo em nome da governabilidade, da manutenção da aliança com o PMDB, da eleição de Dilma, da continuidade do único projeto que, julga o PT, pode salvar o Brasil - ou a presença deles no poder.

E Mercadante recuou, repetindo as suas críticas a tudo o que ocorreu, mas recuou. Alegando que, mais uma vez, não podia de deixar de atender a um pedido de Lula.

Perdeu uma grande chance de crescer aos olhos da opinião pública, do seu eleitorado, de ocupar um espaço maior do que ocupava, de se alinhar com a maioria da sociedade, que está cansada do velho jogo político de Brasília, dos velhos políticos que dominam as decisões do país há séculos. Como declarou publicamente, do púlpito de Senado, até a família ele contrariou.

Preço alto, muito alto.

Será que ele não receberá algo em troca? O que poderia ser?

A questão é que o sucesso de qualquer disputa eleitoral em que ele se jogue depende do eleitorado e não só das promessas e dos apoios de Lula. Principalmente, num Estado como São Paulo, onde o PT não nada de braçada.

Algumas observações sobre outros elementos que compõem o quadro dessa crise petista:

1) A saída de Marina Silva do PT, um símbolo, de origem simples como Lula, com boa imagem ética e mensagem de sustentabilidade, foi ruim para o PT;

2) A intenção de sair do Senador Flávio Arns, de Santa Catarina também é ruim;

3) Os senadores Delcídio Amaral, do Mato Grosso do Sul, e Ideli Salvatti, de Santa Catarina, que navegam em eleitorados menos criticos que o de São Paulo, votaram a favor de Sarney disciplinadamente, embora quisessem ser substituídos na Comissão Ética para escapar do vexame - e Mercadante não os substituiu;

4) O senador Eduardo Suplicy só renova seu mandato em 2014, não ocupa cargo de maior visibilidade, não está na Comissão de Ética. Teve alguma atuação notável na crise? Fez valer seus princípios éticos?

Um comentário:

  1. Estou pedindo perdão a Deus,pelos meus votos que dei ao PT...na Marta!
    PT:jamais!
    O PT virou um Centrão...
    Suplicy:nunca votei para ele!
    Idem mercadante.
    idem Lula...Sou uma pecadora,mas,pecado em votar para esses três,não os cometi.

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