SARNEY SAIU DE ÓRBITA, SUPLICY TENTOU TRAZÊ-LO DE VOLTA À REALIDADE

Sarney se queixa de "descortesia" de Suplicy

O discurso de José Sarney, no último dia 24 de agosto, sobre Getúlio Vargas e Euclides da Cunha, foi uma demonstração cabal de quanto o velho político está desligado da realidade. Foi uma clara tentativa de tentar demonstrar que a crise do Senado havia sido superada, graças à encenação do Conselho de Ética, arquivando os processos contra ele.

Se foi por ingenuidade, já seria grave. Se foi de caso pensado, um gesto estratégico, pior ainda, pois demonstra mais ingnorância ainda do que se passa ao seu redor. Patriarcas em seu outono deveriam se recolher, admitindo que o mundo à sua volta não lhes é mais compreensível. Nem poderia ser, pois eles se pautam por valores políticos e éticos que, se não morreram de todo, estão a caminho.

Sarney, aliás, se tem em conta alta demais. Não há nada de extraordinário, diferente ou especial em sua longa carreira política. Chegou à Presidência da República como enviado do ancièn regime para controlar a Nova República, atrasar o seu desabrochar. Como bem disse à época o seu Ministro da Justiça, Fernando Lyra, ele representava "a vanguarda do atraso". Essa foi a marca de toda a sua carreira política, no Maranhão, no Amapá e no Brasil.

Parabéns ao senador Eduardo Suplicy por tentar recolocar Sarney em órbita terrestre, ao questioná-lo sobre a crise e afirmar que ela não havia sido superada. Supliciy convive com suas bases paulistas, não com um bando de aduladores, e sabe que a sociedade não engoliu a encenação do Conselho de Ética.

Eu que havia escrito em post anterior que não havia percebido manifestações de protesto de Suplicy durante a crise, dou a mão à palmatória.

A queixa de Sarney sobre a falta de cortesia de Suplicy, ao falar da crise em aparte ao seu discurso sobre Getúlio Vargas e Euclides da Cunha, mostra que o velho senador, apesar disso, não caiu na real.