terça-feira, 6 de outubro de 2009

Francisco de Oliveira sobre Lula: "A vanguarda do atraso e o atraso da vanguarda".


A revista Piauí publica mais uma análise do sociólogo Francisco de Oliveira (foto) sobre o governo Lula.

Compara as propostas que levaram Lula e o PT ao poder e o que aconteceu nos últimos 7 anos.

O título do artigo é sugestivo: "O avesso do avesso".

O sub-título é: "O presidente vestiu a roupa às pressas e não percebeu que saiu à rua do avesso. Ele é o cara, e todo mundo o vê assim. O lulismo é uma regressão política, a vanguarda do atraso e o atraso da vanguarda".

Um trecho:

"Mas o mandato (que Lula recebeu), sem dúvida, era intensamente reformista no sentido clássico que a sociologia aplicou ao termo: avanços na socialização da política em termos gerais, e especificamente, alargamento dos espaços de participação nas decisões da grande massa popular, intensa redustribuição de renda num país obcenamente desigual e, por fim, uma reforma política e da política que desse fim à longa persistência do patrimonialismo.

Os resultados são o oposto do que o mandato avalizava".

Um outro trecho:

"Proclama-se aos quatro ventosa diminuição da pobreza e da desigualdade, baseada no Bolsa Família. Os dados disponíveis não indicam redução da desigualdade, embora ser certo que a pobreza absoluta diminuiu. Mas não se sabe em quanto. A desigualdade provavelmente aumentou, e os resultados proclamados são falsos, pois medem apenas as rendas do trabalho que, na verdade, melhoraram muito marginalmente graças aos benefícios do INSS, e não ao Bolsa Família. Quem o proclama é o insuspeito Instituto de Pesquisa Econômica Aplcada, Ipea".

Comentário meu:

Há tempos, Francisco de Oliveira faz essas críticas, todas pertinentes do ponto de vista sociológico.

É o outro lado da moeda da ação de Lula, que em sua ação política pública é carismático e discursa, como escrevi em post abaixo, contra desigualdades, preconceitos, humilhações e infla seus feitos, mas na ação politico-parlamentar usa as mesmas armas de todos os presidentes - sem exceção - para acomodar os interesses fisiologicos da classe política - em nome da governabilidade.

De um lado, ele é o cara, de outro é o coroa, alinhado ao ancien régime.

Pergunto: poderia ser diferente, sem haver ruptura da democracia?

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