sexta-feira, 20 de junho de 2014

A VIDA EM SÃO PAULO ESTÁ AO DEUS DARÁ

Viver em São Paulo, hoje, é um sofrimento. A cidade está entregue ao imprevisível. Não bastassem a insegurança, os congestionamentos, os transportes normalmente precários, agora as manifestações e as greves tornam o dia a dia do paulistano uma rotina de perda de tempo, atrasos, prejuízos e mau humor, muito mau humor.

O paulistano sai de casa sem saber a que horas vai chegar ao trabalho. As empresas não sabem se todos os seus funcionários vão conseguir chegar na hora – se é que vão chegar. Compromissos e até consultas médicas são perdidos. Reuniões adiadas. Voltar para casa depois do trabalho é um tormento, para quem vai de carro e, mais ainda, de condução.

Há dias em que a vida de milhões chega perto do insuportável.

Na raiz de tudo isso, está uma interpretação errada e frouxa de democracia.
Uma interpretação que está mais para anarquia do que democracia. Sim, todo cidadão tem direito de se expressar, todo movimento de se manifestar, todos os trabalhadores de fazer greve. Em contrapartida, qualquer cidadão tem o direito de levar sua própria vida sem ser atingido por essas manifestações.

Direitos de uns e de outros são iguais. Mas as coisas não tem sido assim, especialmente em São Paulo, mas em outras cidades do país, também.

O que falta são regras para o exercício da democracia. E autoridade para impor respeito a elas.

Manifestações têm que ocorrer em locais e horários determinados, estabelecidos pelas autoridades ou negociado com elas. Servidores públicos não tem o direito de fazer greves que prejudiquem a população, principalmente nas áreas de transporte, saúde, educação e segurança. Já existem regras a esse respeito, garantido um mínimo de serviço nos momentos de paralisação – mas elas não são respeitadas.

Há omissão, também, por parte das autoridades e do mundo político. Quase 30 anos depois do fim da ditadura, o mundo político tem medo de que o império da lei seja confundido com autoritarismo. E deixa de cumprir o seu papel de administrar os conflitos normais de uma sociedade complexa e em desenvolvimento como a brasileira. O resultado é o desgaste reinante.

No caso específico de São Paulo, o fato da administração da cidade e do Estado estarem em mãos de partidos concorrentes só complica a situação, especialmente às vésperas de uma eleição. Nenhum dos lados quer se desgastar com os “movimentos sociais” ou sindicatos e a vida em São Paulo fica aos deus dará.

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