Vi três dos filmes que dominaram as indicações para o Oscar 2009, o Leitor, o Curioso Caso de Benjamim Button e Vicky Cristina Barcelona.
Dois receberam premiações de ponta, digamos assim: O Leitor, pelo qual Kate Winslet ganhou o Oscar de melhor atriz, um pule de dez como se diz no turfe e Vicky Cristina Barcelona, que rendeu a Penélope Cruz, o de melhor atriz coadjuvante. O Curioso Caso de Benjamin Button, recebeu Oscars por Melhor Direção de Arte, Melhor Maquiagem e Melhores Efeitos Especiais.
Winslet foi pule de dez não tanto por ter tido uma performance melhor do que as demais concorrentes, mas por ser ampla favorita por antecipação.Afinal, foi sua sexta indicação e ela ainda não tinha ganho e a Academia é sempre sensível a filmes que abordam o Holocausto.
O Leitor é uma alegoria da crise de consciência por que passou o povo alemão após a II Guerra Mundial e que atravessou gerações. Bernard Schinkler, autor do livro que inspirou o filme, nasceu em 1944 e viveu as contradições de uma geração que nada tinha ver com passado recente, mas seus pais tinham, por ação ou omissão, por serem algozes, indiferentes ou vítimas das brutalidades do regime nazista.
O enredo mostra essa trajetória unindo em uma história de amor e negação, culpa e compaixão, nunca inteiramente resolvida, entre os personagens Hanna e Michael. Hanna era uma ex-guarda de campo de concentração e Michael um jovem de 18 anos e os dois têm um intenso caso de amor e muito sexo. Ao final, o enredo sugere a superação do trauma pelas novas gerações quando Mark revela a sua própria história à filha, como se livrasse de uma herança incômoda. Kate Winslet, como Hanna, tem uma interpretação correta. David Kross, no papel do jovem Michael, trabalha muito bem.
O Curioso Caso de Benjamin Button é uma fábula que inverte a evolução física natural do ser humano, de bebê a idoso para de idoso a bebê. A idade mental segue o curso de bebê a idoso. Esse ser humano ímpar, representando por Brad Pitt, tem uma longa, sofrida, densa , interrompida e sempre retomada história de amor com uma moça de idade cronológica semelhante à sua, Daisy, magnificamente interpretada por Cate Blanchet. História que tem um final feliz, dentro das circunstâncias. Como pano de fundo, a sempre misteriosa New Orleans e seu French Quarter, com seu velho casario, comidas exóticas, ambientes mágicos e um jazz maravilhoso. Brad Pitt está parecendo cada vez mais com Robert Redford. É uma bela e comovente história em que o personagem Button tem um quê de Forest Gump, antes de tomar o controle de seu problemático destino.
Vicky Cistina Barcelona, de Woody Allen, uma singela e divertida história de amor com um pano de fundo almodovariano, soma a sofisticação de Allen, com o charme de Barcelona e sua região ainda rica em paisagens medievais. A deliciosa Penélope Cruz, como Maria Elena, dá o toque de beleza, malícia e sensualidade, ao affair que envolve o pintor Javier (Javier Barden) , em um enrosco amoroso com duas norte-americanas, Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Joahnsson), que se rendem ao clima “caliente” do Mediterrâneo e põem as suas convicções sentimentais e matrimoniais em xeque. O Oscar não deixa de também ser uma homenagem a Woody Allen, o mais europeu dos cineastas norte- americanos. Em Vicky Cristina Barcelona ele filma os conflitos existenciais de sempre em novas cores e paisagens exuberantes.
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