terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

REFLEXÕES NUM METRÔ PAULISTANO

Ontem, por dever de ofício, fui de metrô da Vila Mariana até Santana, por volta das 10h da manhã, e voltei até o Jabaquara, lá pelas 18h. Para quem não é de São Paulo, essa é a primeira linha de metrô da cidade e a atravessa quase toda, de norte a sul, cruzando bairros de classe média e média baixa.

Observando meus companheiros de jornadas metropolitanas entendi perfeitamente os 84% de popularidade do presidente Lula.

Era gente sofrida, batalhadora, que tem tudo para se identificar com ele, graças ao até recente bom funcionamento da economia e, agora, em função de sua batalha verbal contra a crise economica e do uso do dinheiro público - a exemplo do que está ocorrendo no resto do mundo - para reverter essa situação.

O discurso do Lula certamente os faz sentir que alguém está batalhando por eles. Quanto aos desvios e corrupções, se encaixam com facilidade na velha crença popular de que "o homem está lá fazendo tudo o que pode, apesar dos que estão à sua volta tentarem de tudo para atrapalhar e tirar vantagem para eles". É um sentimento popular tão antigo como o "rouba mas faz", que já serviu de justificativa de apoio para outros políticos, como Adhemar de Barros, antigamente, e Maluf, recentemente.

Definitivamente, Lula é o "pai dos pobres", como Getúlio Vargas também foi. Com algumas diferenças. Getúlo amparou o operáriado urbano que se formava à sua época. E tinha um discurso empolado e escorreito que, creio eu, a maioria do seu público não entendia. O que contava era a novidade da carteira do trabalho no bolso. Já Lula fala para um público mais amplo, operários, funcionários públicos, sem terra, desamparados em geral e usando uma linguagem totalmente popular, de facílimo entendimento pelo seu público alvo.

Será que Dilma Roussef conseguirá mimetizar todas essas características? A principal, a de ser uma operária de origem, de gente que veio de baixo, que é um grande fator favorável à Lula, não conseguirá, pois não tem essa extração social. E ninguém introjeta um modo popular de se expressar de uma hora para outra. Personalidade é algo difícil de mudar.

Vamos ver o que vai acontecer.

A propósito: quem está tocando o PAC agora que Dilma Roussef está em campanha?

Um comentário:

  1. A saúde falida(obrigação federal) a escola idem(obrigação federal), A gasolina com preço estratosférico, os juros exorbitantes, a violencia pegando a tudo e a todos e o cara tá "batalhando" pelos pobres?

    Só se forem "pobres alienados" assim como os da bolívia, venezuela, equador e outras
    "democracias" que servem de exemplo ao Brasil.

    Em 7 anos o que aconteceu de verdade?

    Pois ganhos econômicos vem e vão, são ciclicos, e nem todos os governos pegam uma China e India crescendo 10% ao ano. Continuamos a ser o país da matéria prima, da corrupção e do Analfabetismo...Inclusive no Governo...

    Chega de retórica.

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