CAMPEÕES BRASILEIROS: UM RECONHECIMENTO PARA A HISTÓRIA

O jornalista esportivo Juca Kfouri, um dos melhores do país no ramo, escreve em sua coluna deste domingo, 29/3, na Folha de S. Paulo, que "nem liga" para a reinvindicação que Santos, Bahia, Cruzeiro, Palmeiras, Fluminense e Botafogo apresentarão à CBF em breve, solicitando a unificação de todos os títulos nacionais dos clubes de futebol, reconhecendo-os como Campeões Brasileiros.

Trata-se de reconhecer como títulos de Campeão Brasileiro, os conquistados por esses times antes da criação do Campeonato Brasileiro, em 1971: os da Taça de Prata e os do Robertão, dois torneios nacionais.

A reinvindicação será apresentada por intermédio de um Dossiê montado pelo competente jornalista Odir Cunha, a pedido do Santos e com o apoio dos outros times que poderão ser beneficiados.

Só para se ter uma noção do alcance da reivindicação, se a unificação for reconhecida o meu Santos passará a ser oficialmente octa-campeão brasileiro.

Digo oficialmente porque de fato ele já é. É história real e isso ninguém apaga.

Ocorre que graças às constantes modificações porque passaram os campeonatos nacionais, ao longo do tempo, inclusive em suas denominações, hoje em dia só são reconhecidos como campeões nacionais os vencedores dos Campeonatos Brasileiros.

O que é uma deturpação e mantém mal informadas as jovens gerações, que acabam não tendo uma noção verdadeira ds história do futebol brasileiro.

A seguir, discuto os diversos argumentos apresentados por Kfouri (seu texto é reproduzido em negrito e minhas observações estão em vermelho)

Eu nem ligo


Acho simplesmente bobagem essa discussão em torno da equivalência de títulos da Taça Brasil, do Robertão, do Brasileirão. Até por ter visto todos eles e dado a devida importância em cada momento, algo que ninguém tira, como o Santos de Pelé, o melhor time de todos os tempos.

Não se trata de mostrar a ele, Juca Kfouri, as conquistas dos times reivindicantes, mas sim fazer um registro correto para os que não acompanharam esses certames e para a história oficial.

Mas acho graça que, se a CBF entrar na dança, tenhamos o Palmeiras duas vezes campeão brasileiro em 1967, por ter vencido a Taça Brasil e o Robertão. Além dos dois campeões brasileiros de 1968, o Botafogo, pela Taça Brasil, e o Santos, pelo Robertão.

Se não se quiser reconhecer essa duplicidade, basta escolher o campeonato que foi mais representativo em termos nacionais. Seria simples assim. Mas nada impede que a duplicidade seja reconhecida, já que existiu.

E acho que a CBF, para ser coerente, deveria reconhecer que o Uruguai é tetracampeão mundial, pois, antes de ser bi do torneio da Fifa, foi bicampeão olímpico, que era o máximo, então.

Esse argumento mistura as fases amadora e profissional do futebol. Mesmo deixando esse fato de lado, resta um outro problema: a competência para esse reconhecimento seria da FIFA e do Comitê Olímpico Internacional, não da CBF.

Para não falar do movimento que certamente surgirá em torno do reconhecimento dos campeões do Rio-São Paulo, avô do Brasileirão, pai do Robertão, disputado anualmente entre 1950 e 1966, sem dúvida o mais importante torneio nacional do período. Só o Corinthians ganhou quatro. Timão octocampeão brasileiro? O Palmeiras ganhou dois: decacampeão? E o Santos ganhou mais quatro: como se diz 12 vezes campeão? Só sei até dez, decacampeão! Será dodecampeão? Sim, será. Será?

Esse argumento não é válido. O Rio-São Paulo, como o próprio nome diz, só reunia times do Rio e de São Paulo, portanto não era nacional. Não há porque querer incluí-los.

Anexo abaixo os argumentos reunidos por Odir Cunha no Dossiê, a favor do reconhecimento da Taça de Prata e do Robertão como competições brasileras, que estão registrados no site Santos Roxo:

Taça de Prata (clique aqui)

Robertão (clique aqui)

Que o leitor tire suas próprias conclusões.

Mesmo discordando de suas conclusões, acho excelente que o Juca Kfouri tenha analisado o tema em sua importante coluna. Aumenta a visibilidade do Dossiê e alimenta a discussão.