A impressão que se tem é que o presidente Barack Obama está patinando na solução do problema dos bancos nos EUA.
Anteontem, ele lançou o Programa de Investimento em Parceria Público-Privada para sanear as instituições financeiras. A proposta é que o governo e investidores comprem os "papéis tóxicos", referentes aos financiamentos sub-prime habitacionais, que por nada valerem estão contaminando os ativos dos bancos e impossibilitando-os de retomar financiamentos ao mercado.
Para ser bem sucedido, o programa exige a participação de bancos e investidores, os criadores do problema. O governo arcará com a maior parte dos recursos usados nos investimentos desses papéis e os compradores privados com muito pouco. O objetivo é que esses papéis comecem a ganhar valor, voltem ao mercado e melhorem o perfil dos portfólios do bancos.
O programa está sob fogo cerrado de economistas renomados, como Paul Krugman, Joseph Stiglitz e o respeitado colunista do Financial Times, Martin Wolf, que dizem que o governo está sendo tímido, jogará dinheiro dos contribuintes fora e deveria partir logo para a nacionalização dos bancos.
Por outro lado, os dirigentes dos bancos estão cautelosos em entrar na parceria, até por estarem ressabiados com o quiproquó armado em torno dos bônus dos diretores da AIG. E eles precisam participar do processo. O presidente americano está tentando atraí-los, como se pode ver na reportagem "Obama reduz o tom das críticas a Wall Street", publicada pelo Wall Street Journal.
Obama terá que chegar à nacionalização dos bancos? O Estado de S. Paulo desta quarta-feira (25/3) analisa a questão no editorial "Obama tenta evitar a estatização".
Nacionalizar ou estatizar nos EUA é muito mais complicado do que no Brasil ou na Europa. Por aqui e no continente europeu é uma medida que foi adotada em vários momentos da história. Os EUA se baseiam ideologicamente no liberalismo e na livre iniciativa, que preconizam o Estado longe da vida da sociedade e dos mercados. O intervencionismo governamental é muito mal visto, mesmo em tempos de crise. Não é parte inerente da história do país.
Por isso, não surpreende que o governo Obama navegue com cuidado nessa questão. O problema é que enquanto os bancos não se recuperarem dificilmente a economia americana voltará a funcionar bem.
Vamos ver o que vai acontecer.
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