Enquanto FHC se preocupa com quais devem ser as características do candidato oposicionista à eleição de 2010 (ver post anterior), a sucessão presidencial já domina o cenário político. E ainda faltam 19 meses para a eleição.
As andanças da ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, sozinha ou lado de Lula, fazem parte do esforço do governo de torná-la conhecida da população. Nenhum ser inteligente tem como negar isso.
Dentro do PSDB, o grande rival da coligação de Lula, quebram-se lanças para encontrar a fórmula que permita a José Serra sair candidato com apoio ativo de Aécio Neves. Sem Minas, a candidatura de Serra ficará fragilizada A união não é e não será uma tarefa fácil.
O PMDB matreiramente se apossou das presidências da Câmara Federal e do Senado, armando-se para ser o grande pêndulo dessa sucessão.
Até lá, acenará ora para um lado, ora para outro, e no final se beneficiará, o máximo possível, do eventual resultado. Pois assim que ganhou as eleições foi tirado de seu sossego por denúncias e contra-ataques. Um ataque para colocá-lo na defensiva.
Até agora, os lances foram os seguintes:
- A entrevista de Jarbas Vasconcelos à Veja e a movimentação anti-corrupção que está se dando no Parlamento e na sociedade;
- A denúncia de que o até ontem diretor geral do Senado Agaciel Maia, protegée de Sarney, tinha uma casa, não declarada à Receita, no valor de R$ 5 milhões, incompatível com a sua renda. O homem teve que sair, desgastando Sarney.
- A trava no avanço do PMDB para controlar o Fundo de Pensão Real Grandeza, dos funcionários de Furnas.
Embora seja provocada por briga por poder entre os políticos, a vinda à tona da denúncias é boa para a sociedade.
A imprensa já está em cima.
Mas a sociedade precisa se organizar para pressionar por uma mudança radical dos hábitos políticos do país.
Afinal, quem põe os políticos lá somos nós, os eleitores e, até hoje, fomos obrigados a escolher os candidatos que os partidos nos oferecem.
Além disso, logo depois de eleitos os políticos passam a viver em um universo próprio, com regras particulares, feitas por eles mesmos, sempre em seu benefício – e distantes do mundo real.
O único momento em que há uma ligação direta entre o brasileiro e o político é o dia da eleição. Nesse dia, os políticos são constrangidos a baixar de suas vilegiaturas e a pedir que os eleitores os conduzam ou reconduzam a um parlamento ou a algum posto executivo.
As regras eleitorais, contudo, fazem com que o diálogo para convencer o eleitor a votar em alguém, se dê por intermédio do horário gratuito de rádio e TV. Na verdade, é um monólogo, de uma única direção, dos candidatos para o eleitor, caracterizado por técnicas de comunicação mais adequadas a vender sabonete do que a divulgar idéias políticas.
E o eleitor comparece à urna, para escolher seu candidato, informado por essas imagens coloridas e de qualidade global, de conteúdo muito mais impressionista do que ideológico ou programático.
A chance de errar ou votar desinformadamente, só para cumprir uma obrigação, são enormes
Será que um dia conseguiremos substituir esse monólogo televisivo por um diálogo?
Depende mais de nós do que deles.
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