
Não sei se o editor da Folha de S.Paulo pensou nisso.
Mas ao titular a matéria sobre o velório de Raúl Alfonsin, o ex-presidente argentino que faleceu ante-ontem, dizendo que a fila de visitação foi a segunda maior desde o enterro de Perón, fez um retrato político da história de nosso vizinho - a terra de meu pai.
O maior enterro da história da Argentina foi, sem dúvida, o de Eva Perón, a mãe dos "cabecitas negras", dos "descamisados", que morreu como a grande estrela do primeiro período de governo de seu marido, em 1952, quando o esquema populista vigente naquele país desde 1945 ainda estava em alta e ela era o elo carismático entre a Casa Rosada e a população pobre do país.
Juan Domingo Perón, morreu em 1974, no primeiro ano de seu segundo e controvertido mandato, quando o peronismo já estava fragmentado, com correntes à esquerda- los Montoneros - e à direita - la triple A - e em conflito entre si. Neste segundo governo, uma tentativa de superar o eterno saudosismo dos argentinos em relação a ele, um espécie de sebastianismo que travava a dinâmica política do país do Prata, Perón foi uma simulacro do que havia sido 30 anos antes. Nada além. Mesmo assim recebeu na morte a homenagem que cabe aos mitos políticos.
Alfonsin era da União Cívica Radical, o partido as classes médias argentinas, adversário ferrenho do peronismo, identificado com idéias liberais.Foi eleito presidente em 1983 na esteira da derrocada da ditadura militar argentina, que havia começado em 1976 e afundou na sua crise final provocada pela derrota na Guerra das Malvinas contra a Inglaterra.
Foi duro com os militares, enquadrando-0s judicialmente, mas enfrentou várias revoltas armadas de coronéis ainda ligados à linha dura e teve que negociar. Superou o artificial clima de desconfiança entre Argentina e Brasil, que era alimentado pelos militares dos dois lados. E lançou o Mercosul, junto com o presidente Sarney, que tomou posse por aqui em 1985.
Antes disso, seu mais importante papel em relação ao Brasil, foi ter servido de símbolo e exemplo da democratização após um regime militar, cenário que estava se desenhando em nosso país no começo da década de 80.
Seu governo acabou de forma melancólica, tragado pela inflação descontrolada provocada pela desordem institucioonal que dominava a Argentina à época. Transmitiu o cargo para seu sucessor, Carlos Menem, um liberal peronista (o que é uma contradição em termos) seis meses antes da data oficial.
Sua digna vida política e a coragem com que enfrentou um momento decisivo da história argentina rendeu-lhe admiradores mesmo entre adversários, que fizeram questão de comparecer aos funerais. A multidão humilde também foi levar-lhe o seu reconhecimento e o seu abraço, já saudoso.
Eu acompanhei as batalhas políticas de Alfosin e a sua presidência. Me emocionei com a sua morte e com as homenagens que recebeu do povo argentino.
Foi um herói da democratização latino-americana. Vejam aqui como enfrentou um momento dramático de seu governo, durante uma das revoltas de militares em 1987.
Presto aqui as minhas homenagens.
Mas ao titular a matéria sobre o velório de Raúl Alfonsin, o ex-presidente argentino que faleceu ante-ontem, dizendo que a fila de visitação foi a segunda maior desde o enterro de Perón, fez um retrato político da história de nosso vizinho - a terra de meu pai.
O maior enterro da história da Argentina foi, sem dúvida, o de Eva Perón, a mãe dos "cabecitas negras", dos "descamisados", que morreu como a grande estrela do primeiro período de governo de seu marido, em 1952, quando o esquema populista vigente naquele país desde 1945 ainda estava em alta e ela era o elo carismático entre a Casa Rosada e a população pobre do país.
Juan Domingo Perón, morreu em 1974, no primeiro ano de seu segundo e controvertido mandato, quando o peronismo já estava fragmentado, com correntes à esquerda- los Montoneros - e à direita - la triple A - e em conflito entre si. Neste segundo governo, uma tentativa de superar o eterno saudosismo dos argentinos em relação a ele, um espécie de sebastianismo que travava a dinâmica política do país do Prata, Perón foi uma simulacro do que havia sido 30 anos antes. Nada além. Mesmo assim recebeu na morte a homenagem que cabe aos mitos políticos.
Alfonsin era da União Cívica Radical, o partido as classes médias argentinas, adversário ferrenho do peronismo, identificado com idéias liberais.Foi eleito presidente em 1983 na esteira da derrocada da ditadura militar argentina, que havia começado em 1976 e afundou na sua crise final provocada pela derrota na Guerra das Malvinas contra a Inglaterra.
Foi duro com os militares, enquadrando-0s judicialmente, mas enfrentou várias revoltas armadas de coronéis ainda ligados à linha dura e teve que negociar. Superou o artificial clima de desconfiança entre Argentina e Brasil, que era alimentado pelos militares dos dois lados. E lançou o Mercosul, junto com o presidente Sarney, que tomou posse por aqui em 1985.
Antes disso, seu mais importante papel em relação ao Brasil, foi ter servido de símbolo e exemplo da democratização após um regime militar, cenário que estava se desenhando em nosso país no começo da década de 80.
Seu governo acabou de forma melancólica, tragado pela inflação descontrolada provocada pela desordem institucioonal que dominava a Argentina à época. Transmitiu o cargo para seu sucessor, Carlos Menem, um liberal peronista (o que é uma contradição em termos) seis meses antes da data oficial.
Sua digna vida política e a coragem com que enfrentou um momento decisivo da história argentina rendeu-lhe admiradores mesmo entre adversários, que fizeram questão de comparecer aos funerais. A multidão humilde também foi levar-lhe o seu reconhecimento e o seu abraço, já saudoso.
Eu acompanhei as batalhas políticas de Alfosin e a sua presidência. Me emocionei com a sua morte e com as homenagens que recebeu do povo argentino.
Foi um herói da democratização latino-americana. Vejam aqui como enfrentou um momento dramático de seu governo, durante uma das revoltas de militares em 1987.
Presto aqui as minhas homenagens.
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