Tostão, craque no campo e na medicina, escreveu hoje na Folha de S.Paulo:
"Adriano não vai parar de jogar. É o que ele sabe fazer bem. Independentemente de tantas especulações sobre seus problemas, que não sei quais são, ele, depois de ter ido bem no São Paulo e de ver Ronaldo ganhar um bom dinheiro no Corinthians, decidiu voltar para o Brasil.Adriano percebeu que é muito melhor ganhar menos aqui, o que já é uma fortuna, sem perder as coisas de que tanto gosta, do que ganhar mais e ficar infeliz na Europa. Foi uma atitude também racional, desde que pague as multas rescisórias do contrato. A Inter não vai querer jogar dinheiro fora.De bermuda e chinelo, sorrindo e dizendo que está muito triste, Adriano aguarda propostas dos investidores e dos times brasileiros."
Tostão foi ao ponto.
Adriano, de certa forma, explicitou um problema que, na minha opinão, afeta, em maior ou menor grau, grande parte dos jogadores brasileiros que vão jogar na Europa em busca de euros e das glórias de serem reconhecidos como "o melhor do mundo".
Acho que Robinho, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo Fenômeno, Wagner Love , só para citar alguns, sofrem do mesmo mal, mas se submetem mais aos ditames da razão.
Onde vocês acham que Zé Roberto foi mais feliz, no Santos ou no Bayern?
Lembro-me de uma cena emblemática em que Ronaldo, Robinho e Júlio Batista comemoraram um gol pelo Real Madrid com a "dança da baratinha", os três deitados no chão esperneando. Era pura alegria brasileira. Foram reprimidos, pois tal comemoração não condizia com o Real Madrid.
Seriam todos bem mais felizes aqui no Brasil e, como ressalta Tostão, ganhando fortunas, menos do que lá, mas fortunas.
Mas mudar esse quadro exige transformações estruturais no futebol brasileiro.
Pois quando constata que será mais feliz no Brasil, o jogador que está lá fora tem que driblar a teia de interesses que o envolve, que inclui o clube em que está, o empresário, os interesses dos patrocinadores, a falta de recursos dos clubes brasileiros para bancar a sua volta e assim por diante.
Mesmo quando ainda está por aqui, a teia de intereses o estimula a ir para fora: a ingenuidade e falta de experiência de vida da juventude, os sonhos de fazer carreira, o intere$$e dos empresários, o desejo de faturar do clube em que joga, etc,etc,etc.
No fim das contas, a vontade do jogador talvez seja o que menos conta.
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