
"Muita de minha admiração pela Declaração de Direitos vem de ter passado parte da infância na Indonésia e de ainda ter familiares morando no Quênia, países onde os direitos individuais são quase totalmente sujeitos ao controle de generais ou aos caprichos de burocratas corruptos. Lembro-me da primeira vez que levei Michelle ao Quênia, pouco antes de casarmos. Por ser afro-americana, ela estava extasiada com a idéia de visitar o continente dos seus ancestrais e a viagem foi ótima. Visitamos minha avó no interior, passeamos pelas ruas de Nairóbi, acampamos no Serengeti e pescamos na ilha de Lanu.
Mas durante as nossas idas e vindas Michelle teve contato - assim como também tive durante minha primeira viagem à África - com a terrível crença dos quenianos em que seu destino não lhes pertence. Meus primos contavam como é era difícil encontrar um emprego ou começar um negócio sem pagar propinas. Ativistas nos relataram sua prisão por se oporem claramente às políticas do governo. Mesmo na minha família, Michelle percebeu o quanto podem ser sufocantes os laços familiares e as lealdades tribais, com frequentes pedidos de favores por parte de primos distantes ou tios e tias aparecendo sem serem convidados. Quando estávamos no avião a caminho da Chicago, ele me confidenciou que não via hora de entrar em casa:
- Não sabia o quanto sou americana - disse. Ela nunca havia percebido o quanto era livre, nem o quanto valorizava essa liberdade".
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