A Folha de S. Paulo deste sábado publica que o presidente da Câmara, Michel Temer, e o do Senado, José Sarney, foram se lamuriar ao presidente da Lula das críticas que as duas Casas estão recebendo em função do quiproquó das passagens. Algo na linha de que só eles estão levando cacetadas da opinião pública. E ainda tiveram o topete de fazer uma advertência: os parlamentares andam tão irritados que só falam em fazer CPIs.CPIs contra quem? Contra o governo? E o que o governo tem a ver com isso? Contra quem, então?
Seria só para mostrar serviço para a sociedade? Se for, seria uma´péssima opção. Os senhores congressistas mostrariam serviço votando leis, apresentando projetos, enfim, fazendo o papel papel principal que justifica sua eleição.
O mais triste foi o presidente Lula (a quem elogiei abaixo...) fazer um discurso tentando desqualificar as críticas à farra das passagens.
O parlamentar deve ter passagens para levá-lo às suas bases - pois o seu papel de representação exige esse contato, que seja uma vez por semana ou até mais. Ou então para realizar alguma missão referente ao seu mandato. Mas só. Essa é a regra que vale para qualquer profissional no exercício de sua função, não tem que ser diferente para um parlamentar.
Passagens para família devem sair do salário do parlamentar. Também não faz sentido financiar as viagens de correligionários, como Lula diz que fez com sindicalistas. As entidades a que esses correligionários são ligados é que devem pagar, não os congressistas.
Enfim, não se constrói uma democracia da noite para o dia. Aos poucos o país vai eliminando as mazelas que se acumularam em tempos em que não havia tanta transparência nas relações entre o Estado e a sociedade. Hoje, essa transparência aumenta cada vez mais , facilitando o trabalho da sociedade de pôr o estado nos trilhos. É o que está acontecendo - devagar, mas está acontecendo.
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