Há quem goste e quem não goste.
Mas não se pode negar que o presidente Lula é um grande comunicador.
Deu um show, no 1° de maio, na cerimônia de recepção do primeiro petróleo extraído do pré-sal, mais precisamente do poço Cidade de São Vicente, na reserva de Tupi, na Bacia de Santos.
Vi o discurso ao vivo pela Internet, no Terra, que pôs no ar a transmissão direta da NBr, a emissora que transmite pela TV quase tudo o que acontece no Governo Federal.
Foi uma mistura de tiradas divertidas, frases de valorização da Petrobras, dos brasileiros e do Brasil. Tudo de uma forma livre, leve e solta, distante da maneira litúrgica com que os presidentes costumam falar em público, mas muito pessoal, direta e envolvente.
Lula contou à platéia presente - políticos, sindicalistas e artistas - toda a prosopopéia que envolveu a decisão dele não ir à plataforma Cidade de São Vicente, como desejava - e queria fazer há um ano. Venceu a tese da segurança presidencial de que, com o tempo ruim que faria na região, a viagem era desaconselhável. Lula contou que pensou em usar o porta-aviões São Paulo, mas lhe disseram que está em manutenção, que a Petrobrás que não quis gastar dinheiro com um navio de cruzeiro e assim por diante, dificuldade atrás de dificuldade... E o público riu muito com essa história.
O presidente aproveitou o momento para repetir o seu discurso de valorização do país, uma retórica que cultiva desde os tempos de sindicalista. Na época, sua fala valorizava o trabalhador, igualando-o como cidadão a qualquer outro habitante do país. Sua pregação não deixa de fazer sentido, uma vez que a elite brasileira tem mesmo um discurso de desvalorização do país, que se reflete intensamente na imprensa.
Esse discurso ganhou outra dimensão após as bem sucedidas excursões recentes de Lula pelos organismos internacionais, consequência dos esforços da diplomacia brasileira e do bom conceito que o Brasil ganhou nos últimos tempos, desde a era FHC. Colabora muito para esse sucesso a relativa saúde com que o Brasil atravessa a atual crise, quando as maiores economias do mundo estão enfrentando problemas muito mais sérios.
É um discurso que, do meu ponto de vista, é muito bem recebido pelo eleitorado do presidente, especialmente as classe mais humildes, que se sentem valorizadas.
Um dos melhores pontos do discurso foi o final, um uso inteligentíssimo da frase do momento: "Petrobras, vocês são os caras", encerrou o presidente.
A decisão de comemorar o 1° de maio com a primeira extração do pré-sal também foi inteligente. O presidente driblou a tradição de fazer um discurso para os trabalhadores, o que seria uma opção de falar para apenas um parte da sociedade, e também de analisar a crise, o que sempre lembraria o país das dificuldades que atualmente atravessa.
Aproveitando a extração, Lula disse que ela era o ínicio da "segunda independência do país". Se vai ser, termos que esperar para ver, mas, de qualquer forma, o presidente passou uma mensagem otimista, dirigida a todo o país, a todos os brasileiros.
Ou seja, somou, não dividiu.
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