


Caiu o diploma obrigatório para o jornalista. Tenho, mas nunca fui a favor.
Boa notícia.
Fiz a ECA-USP depois de desistir da Poli-USP em 69.
Para cumprir a lei, fiz o curso.
Como já tinha alguma formação intelectual pelos três anos de vivência na USP, o curso não me acrescentou muito, nem intelectualmente, nem tecnicamente. Valeu pelos muitos amigos e relacionamentos criados.
O que sei aprendi no dia a dia do ofício e observando a imprensa nacional e internacional. Desde criança li muito Estadão e já tinha noção do que era um texto jornalístico.
Hoje, com a Internet, estou, aliás estamos, aprendendo novas técnicas de jornalismo. É uma mudança que vai além da técnica. Tem implicação no conteúdo das informações, pela forma que se escreve, pelos textos curtos, pela leitura em tela e assim por diante. Sai o jornalismo discursivo, entra o jornalismo em pílulas. É bom isso? Não acho. É preciso recriar a sincronização entre forma e conteúdo.
A realidade está na frente da teorização, portanto na frente das escolas.
É bom que o jornalista tenha formação intelectual. Curse história, economia, sociologia, educação física ou seja autodidata. Mas independentemente disso, precisa ter sensibilidade para a notícia, o que se aprende com a vivência do mundo. É complexo.
Os jornalistas atuais defendem o diploma porque o consideram um investimento. Certa vez, em minha agência, defendi o fim do diploma. Os jovens caíram em cima de mim: “Estudamos tanto e o diploma não vai valer mais nada?”. Não percebem que o seu valor está no que estudaram e sabem aplicar do que aprenderam. Pensam corporativamente, julgando que o canudo lhes valoriza o trabalho.
Os sindicatos defendem o diploma como arma de defesa do mercado de trabalho. Não é. A arma é um sindicalismo forte, que estabeleça bons contratos coletivos com as empresas.
Boa notícia.
Fiz a ECA-USP depois de desistir da Poli-USP em 69.
Para cumprir a lei, fiz o curso.
Como já tinha alguma formação intelectual pelos três anos de vivência na USP, o curso não me acrescentou muito, nem intelectualmente, nem tecnicamente. Valeu pelos muitos amigos e relacionamentos criados.
O que sei aprendi no dia a dia do ofício e observando a imprensa nacional e internacional. Desde criança li muito Estadão e já tinha noção do que era um texto jornalístico.
Hoje, com a Internet, estou, aliás estamos, aprendendo novas técnicas de jornalismo. É uma mudança que vai além da técnica. Tem implicação no conteúdo das informações, pela forma que se escreve, pelos textos curtos, pela leitura em tela e assim por diante. Sai o jornalismo discursivo, entra o jornalismo em pílulas. É bom isso? Não acho. É preciso recriar a sincronização entre forma e conteúdo.
A realidade está na frente da teorização, portanto na frente das escolas.
É bom que o jornalista tenha formação intelectual. Curse história, economia, sociologia, educação física ou seja autodidata. Mas independentemente disso, precisa ter sensibilidade para a notícia, o que se aprende com a vivência do mundo. É complexo.
Os jornalistas atuais defendem o diploma porque o consideram um investimento. Certa vez, em minha agência, defendi o fim do diploma. Os jovens caíram em cima de mim: “Estudamos tanto e o diploma não vai valer mais nada?”. Não percebem que o seu valor está no que estudaram e sabem aplicar do que aprenderam. Pensam corporativamente, julgando que o canudo lhes valoriza o trabalho.
Os sindicatos defendem o diploma como arma de defesa do mercado de trabalho. Não é. A arma é um sindicalismo forte, que estabeleça bons contratos coletivos com as empresas.
DIPLOMAS PARA OS PESCADORES
ResponderExcluirRuy Fernando Barboza
Para fazer um pouco de demagogia com os jornalistas, um dia, os militares no poder baixaram autoritariamente, num pacote de atos ditatoriais, a regulamentação da profissão de jornalista. Deram a todos os jornalistas em exercício o status de profissionais de nível universitário, e obrigaram quem quisesse ser jornalista, a partir de então, a fazer uma faculdade. O jovem tem de passar dos 18 aos 22 anos num curso superior, para só depois ir ao mercado de trabalho ver se consegue ser jornalista. Dureza. Mesmo porque, sendo poucas as vagas e muitos os cursos, a disputa é braba. E a maioria dos cursos, como tem público certo – os que vão atrás do diploma -, não se preocupa em ensinar coisa alguma.
Digamos que, por qualquer razão, de repente os políticos (graças ao bom Deus e à repulsa da nação, hoje os poderosos não são os militares) resolvessem agradar os pescadores, e transformassem a pesca numa atividade de nível universitário. Quem pescou até agora ganharia o registro de pescador profissional, mas os próximos teriam de cursar a Faculdade de Pescaria. Rapidamente, nossas trocentas universidades criariam seus cursos de pesca. Não teriam, certamente, maior dificuldade em cumprir a carga horária e o curriculum mínimo a ser estabelecido pelo Conselho Nacional de Educação. Um ciclo básico de dois anos, introdutório, teórico, no Centro de Ciências Agrárias, de um ano e meio a dois anos, ensinaria Filosofia da Pesca, História da Pesca e Histórias de Pescadores, Sociologia da Pesca, Direitos do Mar, Geografia da Plataforma Continental, Meteorologia, Língua Portuguesa com especial atenção para o Vocabulário Específico da Pesca etc. etc.. Do terceiro para o quarto ano, teríamos matérias mais especializadas e vibrantes, nas quais os alunos poderiam ver filmes sobre pesca, realizar seminários a respeito e estudariam equipamentos de pesca, visitariam lojas de produtos de pesca, enfim, uma parte mais prática, e ainda teriam a chance de, no Laboratório de Pesca da Universidade, utilizar um caniço com uma isca de plástico, num tanque com peixes também de plástico – um estágio supervisionado, de 30 horas, que seria o ponto culminante do curso. Sem esquecer do indefectível TCC, Trabalho de Conclusão de Curso, no qual discorreriam sobre, por exemplo, O Velho e o Mar, ou A Expedição Kon Tiki, a série Tubarão. Alunos mais aplicados entrevistariam um ou dois pescadores do Pântano do Sul. Haveria uma bela festa de formatura, a vovó orgulhosíssima com mais um neto doutor. O resultado não é difícil de prever. Bons pescadores, por não terem diploma, seriam impedidos de pescar – um Sindicato e uma Federação atentos, filiados na maioria desempregados mas com diplomas na mão, se encarregariam de defender o interesse do público consumidor de peixe e a qualidade da atividade pesqueira, afastando do mercado esses arrivistas que ousam saber fisgar um peixe sem ter feito a Faculdade. Quem gosta de frutos do mar teria dificuldade para encontrar um peixe de qualidade no mercado – se aparecesse algum. Só os donos de Universidades particulares é que não teriam do que se queixar. Continuariam recebendo bons cardumes de alunos, que despejariam no mercado, bem embrulhadinhos. Em papel de jornal.
RUY FERNANDO BARBOZA, 66 anos, aposentado, é jornalista profissional, foi Professor Titular, chefe do Departamento de Comunicação e Diretor da Editora da Universidade Estadual de Londrina, cujo Curso de Comunicação Social projetou e implantou, em 1974.
Brilhante, Ruy. Gde abraço, Serrano
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