A reportagem relata que Roseana Sarney, que havia sido contratada temporariamente foi efetivada no Senado, às vésperas da eleção indireta de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, sem prestar o necessário concurso público. Assim como ela, vários parentes de senadores também foram efetivados.
Durante a Campanha das Diretas, Roseana Sarney ajudou a contabilizar os votos dos favoráveis à aprovação da emenda, munida de um programa de computador. Por isso, era badalada pelos favoráveis às eleições diretas. Ela e seu irmão, Sarney Filho, já deputado, eram o pé da família na Nova República, que seguia pragmaticamente a filosofia do Príncipe de Lampedusa, de que era preciso mudar para tudo permanecer como estava.
Na verdade, até hoje não foi implantada a Nova República como tal. Avançamos enormemente na implantação da democracia, mas ainda não mexemos na estrutura do Congresso e nas leis partidária e eleitoral. Todas são essenciais à democracia e em nome de sua construção não se tocou ainda nesses temas nevrálgicos.
Aqui e ali a imprensa faz denúncias e o Judiciário, que também precisa ser reformado, as acata e impõe modificações. Mas é um processo muito lento.
A Presidência da República, que é o verdadeiro motor legislativo do Brasil, não toma iniciativas em relação ao Congresso para não ser acusada de imiscuir-se na seara de outro poder. Além disso, o presidente de plantão precisa manter maioria no Congresso para poder governar e não pode entrar em choque com a casa. Isso aconteceu no governo FHC e agora no de Lula.
Só uma pressão vinda da sociedade civil pode mudar isso, de fora para dentro. È preciso apontar as enormes ilegitimidades com que estamos convivendo, mesmo em situações legais. Nem tudo que é legal é legítimo, pois os tempos passam e os costumes mudam.
A imprensa tem e terá uma enorme importância nesse processo e, agora, as mídias sociais, via Internet, podem e devem dar uma grande contribuição.
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