sexta-feira, 10 de julho de 2009

"FRATURAS NO PT VÃO SE TORNANDO MAIS EVIDENTES"

Da coluna de Milton Coelho da Graça, no Diário da Manhã, de Goiânia, de hoje:

"O evidente – e cada vez maior – descontentamento de alguns expoentes do PT, como os senadores Marina Silva, Tião Viana e Eduardo Suplicy, demonstra que as fraturas no disciplinado instrumento único da vitória do presidente Lula em 2002 vão se tornando mais aparentes, à medida que os acordos partidários a partir de 2006 vão desenhando uma desfiguração do programa original petista por pressão presidencial em nome da “governabilidade”.

As queixas desses senadores não expressam apenas o que eles pensam. Mas também o murmúrio ou o silêncio encabulado de centenas de quadros - e provavelmente milhares de eleitores - que não conseguem deglutir alegremente a crescente influência e participação nas decisões governamentais de José Sarney, Romero Jucá, Renan Calheiros, Henrique Alves, Eduardo Cunha e vários outros; todos execrados pelo PT nas cinco eleições democráticas vividas pelo país.

Como o presidente Lula conseguirá manter sob sua “linha dura governabilistica” todos os petistas - do Rio Grande do Sul ao Acre? Uma boa parte deles sempre propôs mudanças firmes e, às vezes até radicais, nos métodos de gestão, diretivas éticas e reformas políticas contrários a tudo que o governo vem fazendo e propondo em favor dos interesses representados por essas figuras “aliadas” – por muitas décadas defensoras do atraso econômico e cultural do país?

O grande – e justo – sustentáculo da popularidade e liderança política de Lula é a prática de políticas de correção da desigualdade social. Mas a comparação da evolução de nossos índices – IDH, PIB, analfabetismo absoluto e funcional, saúde pública, qualidade da educação - com China, Índia, África do Sul, Cuba, Costa Rica, Venezuela, Vietnã e outros países – demonstra claramente que estamos DESPERDIÇANDO o poder político conquistado em nome das idéias defendidas pelo PT desde 1978.

A adesão de dirigentes sindicalistas às delícias do poder sem princípios já é comum na História, registrada em diversos países e governos, pois ocorreu tanto na União Soviética como na Itália, Alemanha, Espanha e Portugal fascistas, passando por Estados Unidos, Argentina e aqui mesmo, durante os anos de 1964 a 1978.

Mas o resto do PT, vindo da resistência à ditadura, armada ou não, do chão das fábricas, da universidade, das escolas secundárias, das redações? Continuará aceitando, impávido, como princípio maior, a defesa da governabilidade com Edson Lobão, Miguel Jorge, Reinhold Stephanes, Blairo Maggi, Jader Barbalho e um PMDB, cada vez menos Paulo Hartung, José Fogaça, Jarbas Vasconcelos, Iris Rezende e Roberto Requião (para mencionar só alguns dos que ainda respeitam seu passado de “autênticos”)? Sinceramente, duvido".

A íntegra da coluna pode ser lida aqui.

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