quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Cosme e Damião e o diploma de jornalismo

(Publicado originalmente no Jornal da Comunicação Corporativa, em www.megabrasil.com.br)

O tempo passa, mas as antigas tradições religiosas não desaparecem de todo.Voltando de Teresópolis para o Rio de Janeiro, neste último domingo, deparei-me, ao longo do caminho, com muitas famílias sentadas à beira da estrada esperando doações dos motoristas por conta de ser o Dia de Cosme e Damião. Nunca havia ouvido falar dessa tradição. A caminho da casa de um amigo, já no Rio, vi, em Botafogo, uma família recebendo alimentos e brinquedos de outra que desembarcou de um carro vistoso. Fiquei mais curioso ainda. Recorri à Wikipedia para saber do que se trata (ver aqui).

Eis um resumo do que encontrei: São Cosme e São Damião, os santos gêmeos, morreram em cerca de 300 d.C. Sua festa é celebrada em 27 de setembro. Somente a igreja Católica comemora no dia 26 de setembro pois, segundo o calendário católico, o dia 27 de setembro é o dia de São Vicente de Paulo.O dia de São Cosme e Damião é celebrado também pelo Candomblé, Batuque, Xangô do Nordeste, Xambá e pelos centros de Umbanda onde são associados aos ibejis, gêmeos amigos das crianças que teriam a capacidade de agilizar qualquer pedido que lhes fosse feito em troca de doces e guloseimas. O nome Cosme significa "o enfeitado" e Damião, "o popular".Estas religiões os celebram no dia 27 de setembro, enfeitando seus templos com bandeirolas e alegres desenhos, tendo-se o costume, principalmente no Rio de Janeiro, de dar às crianças (que lotam as ruas em busca dos agrados) doces e brinquedos.

Em Teresópolis, como representante da Abracom e do Sinco, participei de um painel do VIII Encontro Nacional de Jornalistas em Assessoria de Comunicação – Rio , promovido pelo Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro. Dois temas dominaram as discussões do encontro: o desafio das novas mídias no trabalho dos assessores e o que muda no setor com a extinção da obrigatoriedade do diploma de jornalismo.

Na minha fala, disse que o fim do diploma era mais um desafio dentro do quadro de mudanças que o surgimento das novas mídias também está impondo aos jornalistas em geral. Expliquei que a obrigatoriedade ou não do diploma não é um tema da pauta das duas entidades. Mas que as duas entidades e as empresas do setor consideram que o jornalista, especialmente com experiência em redações, é o melhor profissional para trabalhar em assessoria de imprensa e produzir conteúdo para as novas e velhas mídias utilizadas pelos seus clientes. O que lhes importa é que esses jornalistas tenham uma sólida formação profissional.

Acrescentei que, do meu ponto de vista e à luz de minha experiência pessoal, é recomendável que os jornalistas tenham diploma de curso superior, mas não necessariamente de uma faculdade de comunicação. Depois de um curso de história, economia, sociologia, ou até mesmo um mais especializado, como pedagogia e educação física, poderiam fazer uma complementação sobre aspectos técnicos e éticos do exercício da profissão. Depois dessa formação, o profissional receberia o registro de alguma entidade tipo Ordem dos Jornalistas. Sérgio Murillo, presidente da Fenaj, palestrante principal da mesma mesa, defendeu a obrigatoriedade do diploma, pois a entidade o considera um atributo indispensável à valorização da profissão.

Quanto às novas mídias, vale registrar a posição de um dos palestrantes, Gil Giardelli, coordenador dos cursos de Inovação Digital da ESPM. Para ele, os jornalistas têm um papel importantíssimo a exercer na cacofonia reinante nas novas mídias e redes sociais: produzir informações e opiniões de qualidade e com profundidade – sob a forma de textos, imagens, seja lá o que for - em meio aos milhões de posts de todo tipo que jorram diariamente da cornucópia da Internet.

Isto posto, alguém poderia perguntar: o que Cosme e Damião têm a ver com o diploma de jornalismo? Que eu saiba nada e meu primeiro impulso seria responder que só aproveitei para falar de dois assuntos no mesmo comentário.Mas, pensando bem, usei a Wikipedia e o Google para levantar rapidamente informações sobre o tal dia de Cosme e Damião. Giardelli tem razão. A Internet melhoraria muito se jornalistas, ao redor do mundo, se dedicassem a criar wikipedias de todo tipo.

Resta saber como ganhariam dinheiro com isso.

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