
Pergunta de Marsiglia: Por que a preferência pelo Rafale, que além de mais caro é tido como um fracasso de venda no mercado mundial?
Razza: A opção pelo Rafale é ruim do ponto de vista técnico, operacional e tático. É um mau negócio na minha opinião. E a melhor alternativa seria o caça americano, desde que o pacote de tecnologia fosse bem negociado. Se não, o Gripen. O Rafale ficaria em terceiro. Mas, para além de um marketing político forte que a França fez, com sucesso, a verdade é que tudo - preço, modelo - é menos importante que a cereja d bolo do acordo: o submarino nuclear...O que dará dimensão estratégica ao Brasil será o submarino, não os aviões. Toda a prioridade será dada a isso.
Wilson Tosta, do Estadão, entrevistou Sarah Diel, Pesquisadora associada e editora sênior do James Martin Center for Nonproliferation Studies. Algumas de suas afirmações:
Pergunta: O Brasil é signatário do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares e do Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis, além de ter cancelado seu programa de desenvolvimento de um artefato nuclear no início dos anos 90. Não participa de guerras desde 1945 e é integrante de operações de paz das Nações Unidas. Também não tem conflitos com países vizinhos. Por tudo isso, é visto como um país pacífico, sem intenções bélicas. Essa percepção mundial em relação ao Brasil poderia mudar, por causa do submarino nuclear?
Diehl: Construir um submarino nuclear não vai, por si só, gerar um conflito. Mas realmente suscita perguntas sobre as intenções do País, sugerindo que está procurando projetar poder muito além da sua região costeira, dentro do Oceano Atlântico ou algum outro ponto além.
P: Em sua opinião, as preocupações internacionais com a construção do submarino nuclear brasileiro já estão crescendo ou isso é para o futuro?
Diehl: Serão necessários tempo e consideráveis gastos para construir esse submarino, então as preocupações são relativamente pequenas agora. Elas vão provavelmente crescer no futuro, à medida que o programa avançar.
P: Como os EUA podem reagir à existência de outro país nas Américas com submarinos a propulsão nuclear?
Diehl: Até agora, os Estados Unidos não se opuseram aos esforços do Brasil. Mas o governo dos Estados Unidos provavelmente acredita que o Brasil poderia estar usando essas verbas para propósitos melhores.
Observação minha: como se vê, o jogo brasileiro começa a suscitar reações inspiradas na estratégia miltar dos EUA. Os dois entrevistados do Estadão certamente orbitam em torno dos formuladores dessa estratégia.
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