quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Com Luís Álvaro como presidente, o Santos reencontrará suas raízes e olhará para o futuro

Vila Belmiro, palco do melhor time da história do futebol


Há uma notável coincidência nesta eleição para renovar a diretoria do Santos, em dezembro próximo. O fato de eu ser o presidente da Associação Resgate Santista e Luís Álvaro ser o candidato. A coincidência é que nossas famílias estão nas raízes da história do Santos.

Nossos avós participaram intensamente dos primórdios da trajetória de glórias do alvi-negro da Vila Belmiro.

Como Luís Álvaro relatou recentemente seu avô, Álvaro Ribeiro foi convidado a associar-se ao Santos por meu avô, Ricardo Pinto de Oliveira e meu tio-avô, Agnello Cícero de Oliveira.

Atleta, meu avô Ricardo formou no time que derrotou o Corinthians por 6x3, em 1913, a primeira das inumeráveis partidas disputadas ao longo desta quase centenária rivalidade esportiva. Depois de encerrar sua carreira nos gramados, Ricardo deu o melhor de si para ajudar a gestão do Santos a plantar a trajetória de vitórias que conquistaria o mundo nos anos 60. Foi por muito tempo representante do Santos na Federação Paulista de Futebol. “Subia toda semana para defender os interesses do Santos lá na Federação”, costuma lembrar Maria Helena, minha tia, uma de suas filhas.

Quando chegou a Santos, o goleiro Athiê Jorge Coury, que viria a presidir o clube na sua fase mais gloriosa, abrigou-se na edícula da casa de meu avô, então na rua da Paz, 24. Quando meu avô faleceu, De Vaney o saudoso cronista de esportes de A Tribuna dedicou-lhe um artigo. “Morreu um esportista”, era o título. Uma vida dedicada a Santos, ao Clube de Regatas Santista, do qual foi um dos fundadores, e à Santa Casa de Santos, da qual foi provedor em 1963, ano de duros embates político-sindicais na cidade.

Agnello Cícero de Oliveira foi três vezes presidente do Santos. Na primeira, em 1916, tinha como vice-presidente Álvaro Ribeiro, o avô de Luís Álvaro. Médico, Álvaro Ribeiro havia criado o Departamento Médico do Santos, pioneiro no futebol brasileiro. O terreno de Vila Belmiro, onde está o Estádio Urbano Caldeira, palco de exibições do maior time de futebol da história, foi comprado na gestão de Agnello e Álvaro.

Com Agnello adoentado, Álvaro assumiu a presidência e assinou o contrato de compra. Por ironia e maldade da história, faleceu às vésperas da inauguração do estádio. Conselheiro por 17 anos do Santos, Luís Álvaro renunciou, quando já era efetivo, portanto não precisava mais se submeter a eleições, por discordar dos termos de um dos balanços financeiros da atual gestão do clube. Uma demonstração inequívoca de fidelidade aos bons princípios com que os pioneiros do Santos FC sempre procuraram marcar a administração do clube.

Ao seu tempo, nas circunstâncias da época, bafejados pela pujança econômica de Santos nas primeiras 7 décadas do século passado, os pioneiros construíram uma história exemplar que levou o alvi-negro da Vila Belmiro a ter o melhor time do globo, viver o privilégio de contar com o melhor jogador de futebol de todos os tempos, Pelé, na liderança desse esquadrão por 18 anos e ser bi-campeão mundial de futebol em 1962-63.

Desde então, tivemos alguns bons momentos, 1978,1984, 2003,2004 só para citar alguns dos títulos conquistados em campeonatos de ponta em suas respectivas épocas, sem esquecer que fomos esbulhados no Brasileirão de 1995, ganhamos uma Conmebol, um Rio-São Paulo, dois Paulistas recentes e a primeira Libertadores feminina.

Mas faltou e falta ao Santos uma linha condutora administrativa que adapte o comando do clube às novas e exigentes realidades esportivas e mercadológicas do futebol. Na atual quadra do futebol mundial e do mundo dos negócios que o cerca, é preciso ter ampla experiência empresarial, credibilidade, parcerias de grande poder financeiro, ampla visibilidade para atrair patrocinadores em busca de alavancas para suas estratégias de marketing, visibilidade que também é fundamental para disputar as gordas verbas da televisão e estimular permanentemente o crescimento da torcida em todos os cantos do Brasil e do Mundo.

A falta dessas competências fez com que se esvaíssem entre nossos dedos todas as gerações de meninos que despontaram no Santos, graças à magia, ao encanto e à energia que a história do bi-campeão mundial ainda é capaz de despertar. Os novos Meninos da Vila, os de 78 e Robinho e Diego, nos deram enormes alegrias, que se dissiparam com rapidez na voracidade com que os negócios do futebol consomem as estrelas em ascensão. O Santos foi incapaz de segurá-los por mais tempo. O mais triste: foi incapaz de substituí-los.

Além das competências empresariais, é preciso que os dirigentes do Santos sejam fiéis à história do clube, às suas tradições, suas crenças. Mais do que isso, sejam fiéis à história da cidade de Santos, tenham a clara noção de quanto representa o clube para a cidade e quanto a cidade representa para o clube. Tenham convicção de que o Santos FC é o principal ativo de divulgação da cidade de Santos, berço de uma riquíssimo papel político e econômico no desenvolvimento do Brasil, papel que tende a ser retomado nos próximos anos.

Coincidências históricas à parte, do meu ponto de vista Luís Álvaro é o santista certo para presidir o alvi-negro de Vila Belmiro neste momento crucial de sua trajetória. Não só por suas qualidades pessoais, mas por encabeçar um projeto esportivo, administrativo e empresarial da melhor qualidade, apoiado não só por santistas apaixonados, nascidos em Santos e amantes da cidade, mas por importantes empresários do mundo das finanças e da indústria dispostos a colocar toda a sua expertise, desinteressadamente, à serviço do Santos.

Essa é a principal qualidade de Luís Álvaro e da equipe que o cerca – servir ao Santos, nunca servir-se dele.

Nossa campanha já ganha espaço na mídia, está pronta para ganhar as ruas, nosso programa para o Santos FC será alardeado por todos os cantos onde houver um torcedor do alvi-negro da Vila Belmiro. Em Santos, em São Paulo, no Brasil, no mundo.

Luís Álvaro fará o Santos reencontrar-se com suas raízes e abrir caminho para o futuro, futuro que, para nós, começa em 2010.

As tradições do Santos conquistarão mais uma vez o mundo.
(Publicado originalmente no site Santista Roxo www.santistaroxo.com.br )

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