O melhor de Lula, "o cara"

Pawel Kopczynski/Reuters

A performance de Lula na escolha do Rio do Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016 mostrou as melhores qualidades do presidente.

Lula é um reivindicador inato.

É da sua natureza lutar contra desigualdades, preconceitos, humilhações.

Foi assim que ele se consagrou como lider sindical.

Lembro-me das noites de espera pela tomada do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo pela Polícia Militar nas greves dos anos 70/80. Lula brincava conosco, jornalistas:

"Olhem minha cara de preocupação", dizia. E deitava-se no sofá da sua sala, puxava um cobertor e fingia dormir profundamente, como se nada estivesse acontecendo. Assim quebrava a tensão do ambiente.

No palanque, insuflava orgulho e espírito de luta nos seus liderados.

Lula é um exterminador do "complexo de vira-latas" do brasileiro, imortalizado por Nelson Rodrigues.

Procura fazer esse papel em relação aos brasileiros. Muitas vezes exagera ou desafina. Infla seus feitos. Mas atinge o povão, com sucesso.

Exerceu todas essas qualidades em Copenhaguen. E, de quebra, ainda chorou. Emoção emociona.
Lula é um líder de massa, que chegou no governo na hora certa, com o terreno aplainado. Aí sua estrela luziu.

Chegou junto com o PT e o PT chegou junto com ele. Sozinhos, nenhum dos dois chegaria lá.

Usa as mesmas armas de todos os presidentes - sem exceção - para acomodar os interesses fisiologicos da classe política. Em nome da governabilidade, como todos os presidentes, o que decepciona muita gente.

Lula é maior e melhor do que o PT. É mais universal, intuitivo. Não é ideológico, procura fazer o que acha melhor para o País.

Tem acertado mais do que errado.

Mas não tem herdeiros. É insubstituível