domingo, 8 de fevereiro de 2009

O OUTRO LADO DOS 84%

Confiança.

Esse é o ingrediente que falta para o empresariado brasileiro tocar mais normalmente seus negócios, tentando fazer a roda da economia girar um pouco mais depressa, aliviando os efeitos da crise da economia.

Por falta de confiança, os empresários jogam defensivamente no momento, tomando medidas que preservem um mínimo da saúde financeira de suas empresas. Isso significa liquidar estoques para não ter que financiá-los e não formar novos diante da incerteza de vir a vendê-los. Significa diminuiur ao máximo os custos, inclusive mão de obra, especialmente a ociosa. Significa não buscar financiamentos diante da alta taxa de juros. Significa, enfim, operar a meia velocidade, esperando o rumo dos ventos. Na dúvida, todos puxaram o freio de mão.

Em resumo, foi essa a essência das falas do ex-Ministro Delfim Netto e dos economistas
Luiz Fernando Figueiredo, da Mauá Investimentos e Roberto Luís Troster, da Integral Trust em entrevista a William Waack, no programa Globo News Painel, deste último sábado. Segundo eles, a crise foi muito maior do que era possível imaginar antes de sua chegada e o Brasil só foi mais preservado não só por estar financeiramente bem, mas por ter um sistema financeiro e uma economia mais fechadas. Para os três economistas, o governo brasileiro está tomando medidas na direção certa, mas sempre atrasado, e em doses homeopáticas. Melhoras? No Brasil, vagarosas, no segundo semestre deste ano.

O freio de mão puxado dos empresários é o outro lado da moeda dos 84% de confiança em Lula demonstrado pela população na pesquisa CNT Sensus. É explicável? Sim.

A maioria da população é assalariada (quando é) depende da iniciativa de empregadores, do governo, enfim responde a estímulos. E está à espera de que as atitudes do governo, o discurso combativo e otimista de Lula os leve a porto seguro. Não tem muito a mais a fazer, a não ser ter fé e esperar não perder o emprego.

Com os empresarios, a coisa é diferente. Claro, têm colchões de recursos, vivem bem, têm muita lenha para queimar, mas tomam suas decisões de próprio punho, digamos assim. Sentem a direção do mercado e vão em frente ou não. Se errarem, pagam o preço. E se o horizonte fica turvo, inescrutável, especialmente no exterior no caso dos exportadores, desarmam todo os planos e procuram não fazer marola.

Discursos não são suficientes para movê-los, são precisos dados confiáveis e notícias positivas.

Torçamos para que as coisas melhorem mesmo no segundo semestre

2 comentários:

  1. Luiz Roberto Serrano,como sempre,preciso,direto e bom analista.
    Parabéns!

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  2. Excelente análise, Serrano!!

    Neste momento em que a confiança é uma,ou talvez a única, saída para realmente levarmos o Brasil a uma trajetória de crescimento, deveriamos ter nosso Governo fazendo algo para transmiti-la de forma efetiva. De fato investimentos em infra estrutura é uma das formas, mas enquanto o PAC for usado como plataforma eleitoral para a sempre ideealista Dilma, é melhor realmente esperarmos pelo segndo semestre!!

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