terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O DESAFIO DA IMPRENSA ESCRITA É PRESERVAR A MARCA

(Publicado ontem na coluna Cenários do Jornal da Comunicação Corporativa http://www.megabrasil.com.br/ )

O jornalista Eugenio Scalfari, 84 anos, é um dos decanos da imprensa italiana. Foi editorialista e editor de economia da revista L’Expresso e diretor de redação do La Reppublica, um dois mais conceituados e instigantes jornais italianos. Em longa entrevista ao El País, de Madri, no último domingo, ele falou sobre a imprensa escrita e o seu futuro. Reproduzo aqui o trecho final da entrevista, correndo o risco de ter cometido erros ao traduzi-la do espanhol:

P. Há quem diga que a imprensa escrita acabará em 2018. Estamos tão perto do fim?
R. A imprensa escrita passa por uma transformação. As imagens e os sons tomaram o lugar da palavra escrita. Já não se lêem os jornais, se lêem muito poucos livros e se está preso à televisão e não apenas porque a TV é passiva. Gasta-se muito tempo navegando na rede, lendo periódicos. O New York Times publicou uma pesquisa que diz que os leitores de jornais americanos estão aumentando. A venda da imprensa escrita está diminuindo de forma clara e grave. Se somarmos as vendas em banca e assinaturas de jornais aos que os lêem na Web teremos um total maior do que antes e em crescimento. No entanto, o que está na rede não se paga, a publicidade nela é menor e custa menos. Aqui (na Itália), há uma crise espantosa na publicidade, tanto nas revistas semanais como nos jornais diários. Isso leva a sacrifícios muito duros. Tivemos que reduzir as páginas, mas se fizermos isso durante uns seis meses podemos resistir, mas se a redução durar dois ou três anos será necessário diminuir as redações, pois editando-se menos páginas, necessita-se de menos trabalho para produzí-las.

P. O que se pode fazer para recuperar o interesse dos leitores?
R. Temos que organizar as coisas para o leitor, estabelecer quais são as importantes...Tudo que seja cultura, comentários, será o prato forte para os que querem refletir e entender o que acontece.

P. Os jornais cujo fim se apregoa ainda gozam de boa saúde?
R. Eu diria que não gozam de boa saúde, mas ainda são um grande ponto de referência. É necessário reforçar sua credibilidade, fazer com que a sua marca atraia o público, independentemente da plataforma tecnológica utilizada. Não se pode fazer diferente, mas isso, naturalmente, levará a uma grande reorganização das empresas.

A íntegra da entrevista está em http://www.elpais.com/articulo/reportajes/periodismo/oficio/cruel/elpepusocdmg/20090215elpdmgrep_3/Tes

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