quarta-feira, 3 de junho de 2009

AS DURAS NEGOCIAÇÕES PARA TRAZER CUBA DE VOLTA À OEA

Todos os chanceleres das Américas aprovaram a volta incondicional de Cuba à OEA.

Os EUA só admitiriam a volta se Cuba se comprometesse com a democracia e a defesa dos direitos humanos. Acusando Cuba de não respeitá-los, os EUA forçaram a expulsão da ilha do organismo internacional, em 62, quando a Guerra Fria estava no auge. Os EUA nunca quiseram expulsar o Brasil, o Chile e a Argentina quando regimes de direita nesses paises, nos anos 60,70 e parte dos 80, também não respeitavam essas premissas. O alvo dos EUA era combater o comunismo no seu quintal e a União Soviética que apoiava Castro.

Tudo isso ficou anacrônico e o governo Barack Obama gostaria de deixar essas páginas para trás. Mas não pode desembarcar do passado, assim sem mais nem menos, por pressões políticas internas nos EUA.

Hillary Clinton saiu da reunião antes da votação sobre o retorno de Cuba. Foi acompanhar Obama no Oiente Médio, onde há questões muito mais explosivas a resolver. A proposta de retorno passou depois de complicadas negociações.

Quem continua aferrado ao passado é Fidel Castro. Ainda nesta quarta-feira declarou que "a OEA não deveria existir". Por esse caminho, Fidel só dificulta as coisas para Cuba e sua população.
PS: Com o noticiátio desta quinta-feira, ficou mais claro o que aconteceu. Hillary precisava estar presente no discurso de Obama, nesta manhã, na Universidade do Cairo, em que o presidente dos EUA recomendou um "recomeço" nas relações entre o seu país e o Islã e insistiu na criação de um Estado palestino, ao mesmo tempo que pediu que o Hamas reconheça Israel. Um discurso importantíssimo.
As negociações sobre Cuba na OEA prosseguiram com os EUA sendo representados por Thomas Shannon, secretário-assistente de Estado para Hemisfério Ocidental e indicado para embaixador no Brasil e Dan Restrepo, do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
O Estado de S. Paulo desta quinta-feira relata assim a obtenção do acordo:
"A Guerra Fria terminou hoje, em San Pedro Sula, e começamos uma nova era de fraternidade e esperança", disse o presidente de Honduras, Manuel Zelaya. Os EUA fizeram questão de dizer que o cancelamento da suspensão não significa a entrada automática de Cuba na OEA. "Não abrimos simplesmente os braços" para Cuba, disse em entrevista coletiva por telefone Dan Restrepo, diretor de assuntos de Hemisfério Ocidental. "O retorno de Cuba à OEA não é automático, é um processo que depende de uma movimentação do país para uma maior democracia."
Bastante aberta, a moção foi aprovada após muita discussão e com relativamente poucas concessões dos dois grupos que estavam nos extremos do debate - um liderado pelos EUA, o outro formado por países como Venezuela, Nicarágua, Bolívia e Equador. Além disso, por suas disposições serem vagas, os dois lados cantaram vitória. No início dos debates, os EUA, apoiados pelo Canadá, exigiam que antes de qualquer aproximação, Cuba se mostrasse disposta a cumprir a Carta Democrática Interamericana, aprovada na OEA em 2001, soltando presos políticos, respeitando os direitos humanos e organizando eleições livres. Acabaram aceitando dar o primeiro passo apoiando a derrubada da resolução de 1962, mas conseguiram fazer com que isso não significasse um retorno imediato da ilha à entidade. O governo insiste que não se trata de uma mudança na posição dos EUA.
Segundo Thomas Shannon, secretário-assistente de Estado para Hemisfério Ocidental e indicado para embaixador no Brasil, por insistência da secretária de Estado Hillary Clinton, os países aceitaram modificar a resolução que tinha apenas quatro linhas e se restringia a readmitir Cuba. Por pressão dos EUA, teriam inserido a frase "e em conformidade com as práticas, os propósitos e princípios da organização", aludindo à necessidade de Cuba seguir a carta democrática da OEA.
A íntegra da cobertura do Estadão está aqui.

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