sábado, 28 de novembro de 2009

Governança global para salvar "uma humanidade em perigo"


"Vivemos um novo tempo – um tempo de angústia e de preocupação global sob a pressão da “implacável urgência do agora” e da necessidade imediata de agir. A
esperança de mudar o curso das coisas implica romper com os reflexos tradicionais. É hora de provocações construtivas e de rupturas audaciosas frente ao curso habitual das coisas. Esse imperativo absoluto requer mudar de forma radical e imediata.

Esta lógica de um recomeço poderia já ter tomado corpo em 2009. Infelizmente, de G8 a G20, de cúpulas apenas declaratórias à indecisão coletiva, afasta-se a perspectiva de aprender com as grandes crises que atravessamos. As ameaças que pesam sobre a existência do planeta não são tomadas a sério pelo conjunto dos políticos e economistas responsáveis pelo destino da humanidade. Apesar do aquecimento global ser inexorável e indiscutível, não há ainda nenhum acordo em escala planetária para lutar de fato contra essa ameaça vital para a terra dos homens.

Persistem os sinais de uma economia ultraespeculativa, ultra-financeirizada e cega ao humano, sem nenhuma medida séria de regulação mundial contra este flagelo que destrói os equilíbrios sociais, fator de miséria social crescente e de sofrimento humano. Por fim, ogivas nucleares estão disseminadas pelo mundo, prontas a explodir, sem nenhuma ação de envergadura para erradicar este perigo mortal. Se nada for feito agora, e se algum historiador sobreviver para contar a
história do nosso tempo, não terá outra escolha senão a de acusar os responsáveis por esta inércia de “não assistência a uma humanidade em perigo”.

O texto acima é a abertura da Carta de São Paulo que será apresentada à ONU durante a 15ª Conferência das Partes da Convenção do Clima (COP-15), a ser realizada no início de dezembro, em Copenhague (Dinamarca).

Ela foi elaborada na Conferência de São Paulo que o Instituto Fernando Henrique Cardoso, o Collegium Internacional e a CPFL Cultura realizaram no dia 7 de novembro último, no Hotel Tivoli São Paulo.

Último evento conceitual da programação do Ano da França no Brasil, o seminário teve as participações de Michel Rocard (ex–primeiro-ministro francês), Stéphane Hessel (embaixador da França) e René Passet (economista francês especializado em desenvolvimento), entre outros. O objetivo do seminário foi o de apresentar e discutir - de forma aberta e democrática - as idéias elaboradas no dia anterior, em reunião de trabalho privada, no Instituto Fernando Henrique Cardoso, em torno da redação de um documento com sugestões de mudanças nos mecanismos mundiais de governança.


Vídeos das palestras na conferência podem ser vistos aqui 1 e aqui 2

Mais informações sobre as entidades que promoveram a conferência podem ser obtidas em seus respectivos sites:

Nenhum comentário:

Postar um comentário