Dilma Roussef redefiniu o "terceiro mandato" em entrevista depois da reunião na casa de Marta Suplicy.
Disse que "terceiro mandato" é a continuação do atual governo.
Me parece que a intenção é desvincular a expressão terceiro mandato da rere-eleição do Lula, mas atrelá-la à idéia de continuidade.
Lula não disputará a rere-eleição e assim as atuais regras do jogo serão respeitadas.
Mas, como Dilma está no coração do governo, melhor, no coração do Palácio do Planalto, e toca os projetos da atual gestão - à exceção dos financeiros/monetários - estarão dadas as condições para que o governo Lula continue, sob novo comando.
Novo comando? Considerando-se o ocupante da cadeira presidencial, sim. Mas o empenho de José Dirceu na candidatura de Dilma indica que ele batalha por espaço estratégico no próximo mandato. Se Antonio Palloci não sair candidato a governador de São Paulo, ou se sair e perder, o que é muito provável, já fala-se que poderá ir para a cadeira que hoje é de Dilma. E assim por diante.
O esquema funcionaria sob a batuta de Lula nos bastidores? Creio que essa seria a intenção dos estrategistas do Planalto.
Mas será tão simples assim?
Primeiro, é preciso que Dilma esteja bem de saúde. Segundo, que ela ganhe a simpatia do eleitorado. Terceiro, que ganhe a eleição.
Vamos supor que ganhe, o que não é tão garantido como o comentarista político Gaudêncio Torquato escreveu neste domingo na página 2 do Estadão (veja aqui o artigo os Dez Laços de Lula). Já fiz reparos ao raciocínio dele em post anterior (leia aqui).
Mas, supondo que ganhe, nada garante que ela tenha o mesmo talento político de Lula para arregimentar apoios a seu governo. Esse temor, aliás, foi levantado por empresários entrevistados pelo Jornal Valor Econômico. Por mais que um presidente se cerque de talentosos políticos e negociadores, o seu papel como maestro da orquestra é insubstituível. E Dilma não tem experiência anterior como a mulher da última palavra, aquela acima da qual não há ninguém para decidir. Não tem vivência da solidão de um presidente na hora de tomar uma decisão que só ele pode tomar.
E qual seria a influência de Lula nos bastidores? Ela recorreria a ele, secretamente, para se aconselhar? Ele articularia a partir de seu novo habitat, São Bernardo ou seja onde for? Se assim for, teremos um ghost-president. A história mostra, contudo, que em política criaturas costumam se afastar do criador, ganhar vida e ambições próprias. Ou Dilma será tão disciplinada que se limitará a ocupar a cadeira presidencial só por um mandato?
Lula, afinal, não nega a possibilidade de querer retornar em 2014. Na história brasileira recente, Getúlio Vargas foi expulso do Catete depois de 15 anos de poder, voltou em 1950 nos braços do povo e suicidou-se no exercicio do mandato em meio a mais uma das crises políticas brasileiras. Consta que Juscelino Kubistcheck esperava ser reeleito em 1965, depois que o o governo de Jãnio Quadros arrochasse financeiramente o país com medidas impopulares para compensar sua gastança desenvolvimentista. Jânio renunciou, o seu vice João Goulart sofreu um golpe de Estado e Juscelino acabou cassado pelos militares que tomaram o poder.
Sei que o Brasil é outro, nossas instituições são bem mais sólidas, nossa sociedade avançou e nem sempre a história se repete, nem como farsa. A democracia, com muitas falhas é verdade, viceja entre nós. Mas fiz essa incursão histórica para mostrar que projetos políticos não passam de projetos, especialmente se são de longo prazo.
Havia projeto político mais sólido e celebrado do que a eleição de Hillary Clinton como a primeira mulher presidente dos EUA? Era pule de dez, como se diz no turfe.
Deu Barack Obama na cabeça, eleito primeiro presidente negro dos EUA.
Quem viver, verá.
Serrano, o terceiro mandato ai está na boca de alguns parlamentares, chegar no poder nao é facil e quem chega não quer sair, muitos tapas nas costas do Lula serão dados ate que nao haver mais jeito, Lula deu uma grande estabilidade politica e economica, e apesar dos diversos escandalos do legislativo a vida anda mansa por la.
ResponderExcluirO Ze Dirceu esta vivo no governo, apesar da distancia, assim como o Palocci, o proximo sera o Lula, com a Dilma no poder. Eles demoraram pra chegar la, a questao e saber como vão reagir se tiverem de sair.